Era uma fria manhã de julho, estava no transporte para uma cidade longínqua; duas horas de viagem.
Não conseguia dormir, havia um silêncio lúgubre no ambiente. Decido abrir os olhos e observar a paisagem, mas os vidros estavam embaçados. Pena.
Tudo seguia tranquilamente, até que ouço alguém fazer uma ligação. Uma voz masculina:
- Oi, bom dia. Estou te ligando para te dizer feliz aniversário.
A pessoa do outro lado da linha responde algo e ele fala:
- Já estou chegando, estou quase aí...
Fiquei admirada com a situação. A doçura de um gesto simples e espontâneo (Tão cedo! Quase madrugada).
Após ele desligar o telefone, esbocei um leve sorriso e me pus a imaginar quem seria o feliz receptor do telefonema.
Seria a namorada daquele homem? Ou seria ele divorciado e estava indo visitar seu filho trazendo um singelo presente? Perdi-me em divagações quase até a hora da chegada.
Após alguns minutos, vi o homem de jaqueta marrom e sapato preto sair do veículo; descendo as escadas rumo a um encontro feliz.
Sorrio novamente e me despeço dele através de meus pensamentos. Logo depois, comecei a escolher mentalmente as palavras para esta crônica.
Uma crônica sobre um ato de amor, que independente de quem receba, deve ser valorizado.